Surpresas e destaques da Copa América 2024

Para transcender além dos grandes nomes já conhecidos no futebol, como o eleito melhor do torneio James Rodríguez, o artilheiro Lautaro Martínez, entre outros que se sobressaíram nessa Copa América, vamos abordar nesta análise destaques surpreendentes e surpresas que causaram impacto em suas respectivas seleções durante o torneio realizado nos Estados Unidos.

Willian Pacho (2001)

Na Copa América com o Equador, Willian Pacho mostrou suas melhores capacidades como zagueiro canhoto, ao priorizar passes em amplitude, variando os corredores, o que contribuiu para uma distribuição mais eficiente da equipe.

Sem bola, demonstrou bons ajustes corporais, ou seja, consegue realizar tantos movimentos para frente deixar adversário impedido —e/ou movimentos para trás — proteger as costas. Além do perfilamento, Pacho trouxe uma excelente cobertura para seus companheiros de equipe. Seja através de uma abordagem direta ou na temporização — caso um companheiro fosse superado, e a capacidade para bloquear corridas e finalizações adversárias.

Jon Aramburu (2002)

Aramburu é uma das revelações da competição e foi grande destaque na organizada seleção da Venezuela.

Utilizou sua velocidade, força e potência pelo corredor lateral. Possui uma boa leitura de jogo e cobertura do lado oposto à origem da bola, realizando constantes recuperações e interceptações para proteger as costas do zagueiro.

Além da sua intensidade, mostrou capacidade para realizar movimentos de cobertura, saltando, aproximando e abordando os adversários de forma a minimizar riscos. Essas habilidades destacaram-no como uma peça crucial na defesa venezuelana, contribuindo significativamente para a solidez da equipe durante o torneio.

Obs: Jogador da Real Sociedad, o venezuelano é descendente de bascos através dos avós, possui dupla cidadania espanhola e fez parte da sua base no clube.

Jonathan David (2000)

O atacante canadense refinou os gestos técnicos nos últimos dois anos, potencializou o movimento de desmarque e se tornou cada vez mais eficiente para capitalizar as chances – foi um dos artilheiros do Campeonato Francês em 2023/24 com 19 gols.

O camisa 10 marcou o primeiro gol da história do Canadá na Copa América e fez um bom torneio atuando como segundo atacante, com papel de transitar entre as linhas e flutuar para receber em condições mais vantajosas, e criando mais espaço para seus companheiros no terço final.

Julio Enciso (2004)

Talento promissor do futebol sul-americano, Enciso se destaca por aproveitar bem as vantagens estabelecidas a partir de ações-chave e ser facilmente adaptável num estilo de jogo cada vez mais vertical.

Capaz de driblar em velocidade, supera os adversários enquanto conduz a bola e utiliza a ameaça do engano no seu jogo. Além disso, evoluiu fisicamente, mostra mais explosão e potência nos arranques, e também em suas decisões ofensivas; prioriza mais o passe para o companheiro livre de marcação e oferece mais apoio nas tabelas, tornando-se uma peça-chave no setor criativo do seu país.

Apesar da eliminação na fase de grupos, o jovem foi a grande referência técnica do Paraguai na Copa América.

Maximiliano Araújo (2000)

Confidente de Marcelo Bielsa, o ‘Diablo Rojo’ jogou todas as partidas com o Uruguai na competição e foi muito elogiado pelo técnico argentino durante uma coletiva:

“Na verdade, eu gosto dos extremos. Dos extremos que driblam, que jogam do vértice da área adversária ao vértice da sua própria área, que realizam muitos cruzamentos. E o Maxi tem muitas dessas características. Não há muitos jogadores que tenham esses recursos”, descreveu o ‘Loco’.

Araújo é um jogador que se disponibiliza com frequência na recomposição. Sempre apto para agir logo após a equipe perder a posse de bola — abordar, aproximar, cobrir, compactar e/ou proteger zonas de risco. Como descreveu bem Bielsa, o extremo é muito trabalhador e dedicado dentro das quatro linhas; disciplina tática que foi fundamental para a equipe fazer uma fase de grupos praticamente perfeita — contribuiu diretamente para três gols nessa Copa América.

Chris Richards (2000)

Apesar da eliminação dos Estados Unidos ainda na fase de grupos, o zagueiro teve bons momentos. Contribuiu com frequência na base, criterioso nos passes e capacidade para retirar a bola de zonas de pressão em busca da progressão pelo espaço. Outro ponto de destaque foram os duelos aéreos e o bom encaixe de área.

Um fato interessante é que, durante uma sessão de treino da equipe, foi possível ouvir uma orientação pedindo “small steps” ao jogador — ação que facilita a mudança de direção e contribui bastante contra adversários mais rápidos e ágeis.

Alistair Johnston (1998)

Peça importante da primeira linha, Johnston trouxe seus bons atributos para fortalecer o sistema defensivo do Canadá durante o torneio.

Sua estatura permite que ele crie vantagem no corredor lateral em relação aos extremos no 1v1 — utiliza o corpo/braço/base com frequência durante os duelos — e se destaca a partir dos bloqueios e controle de profundidade identificando bola coberta/descoberta: saltos para pressionar, movimentação constante para proteger espaços; procura uma abordagem mais próximo da bola.

Manuel Ugarte (2001)

Consistente e fundamental para o sistema de pressão do Uruguai do Bielsa, Ugarte se movimentou por todo o campo até o último segundo.

Sua inteligência e capacidade para entender o que acontece ao seu redor; escanear o campo ao utilizar com frequência o movimento do pescoço e rápidas reações, além da leitura para preencher espaços e realizar coberturas, é fortemente alinhada às suas valências físicas — bloquear, vencer duelos e proteger a entrelinha.

Richard Ríos (2000)

Jogador do Palmeiras, Ríos mostrou suas capacidades já vistas no Campeonato Brasileiro, como o domínio do espaço curto, boas ações quando tem a bola nos pés, e recursos que são resultado da sua formação no futsal — o volante representou a seleção colombiana em uma competição de futsal sub-20 no Brasil em 2018.

A disciplina tática para desempenhar na Copa América chamou atenção. Richard foi chave para a Colômbia controlar o ritmo, reter a bola, conectar os setores e aproximar as zonas de passe. Além de boas leituras sem bola, foi importante transitando entre os corredores e se apresentou com frequência no terço final.

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